Eu ando chorando, toda noite.
Eu me vejo no escuro, enquanto uma lágrima escorre, e é minha alma escorrendo pela minha bochecha.
Eu ando me odiando, todas as noite.
Andava cansada,
Cansada da vida e de como ela se desenhava da janela da casa
Do metrô, do ônibus, das quatro conduções que ela diariamente pegava.
Andava exausta,
Exausta para sorrir e levantar a cabeça,
suas certezas já não eram tão certas
e seus olhos já não a deixavam ficar desperta.
Andava triste,
Como um homem que sem rumo já desistiu da vida.
Seus sonhos não são mais tão coloridos,
Suas chaves já não abrem mais portas,
Seu rosto já não é mais o seu.
Andava,
Só andava.
Deixe-se ir
Não deixe que a falta de luz te apague
Seja o rio em si mesmo
Carregue barcos em suas costas, mas não deixe que eles te afundem
Seja seu fim
Mas não se prenda a outros esperando que estes lhe deem os meios
Assuma seu risco
E não abaixe sua cabeça perante seus erros
Sinta-se ar
Livre-se de respirações razas
Cure-se
O antídoto do seu veneno é você.
Deixe-se ir
Não deixe que a falta de luz te apague
Seja o rio em si mesmo
Carregue barcos em suas costas, mas não deixe que eles te afundem
Seja seu fim
Mas não se prenda a outros esperando que estes lhe deem os meios
Assuma seu risco
E não abaixe sua cabeça perante seus erros
Sinta-se ar
Livre-se de respirações razas
Cure-se
O antídoto do seu veneno é você.
E quem me viu? Subir a ladeira com um taxo na cabeça, pra ganhar a vida?
E quem me viu? Achando que era alegria, com a carta assinada, dando minha alforria?
E quem me viu desempregada? com meus 4 filhos, nessa patria amada?
E quem me viu? Levar 10 chibatadas, em forma de palavras: "lá vem a macaca?"
E quem me viu? Subir e descer o morro, das 4 as 22 na cada da madame?
Foi você que viu? Meu filho ser morto, lá naquele beco, confundido com um traficante.
É pedir demais para que vá embora?
Sua voz me persegue, suas marcas estão sobre minha pele e eu as observo todos os dias no espelho.
Quero arrancar seus dedos imaginários nojentos de mim, te exorcizar dos meus sonhos, gritar e pedir ajuda como nunca pedi.
Os beijos molhados já se foram faz anos, mas as marcas da mordida continuam em mim.
Minha pele já cicatrizou faz tempo, mas minha alma ainda sangra toda vez que passo na rua, no horário e no dia errado.
Quero te arrancar da mente como arrancaste minha pele com os lábios.
Não preciso me sentir suja assim, mas eu me sinto.
Te sinto ainda, e ando sentindo muitas coisas.